O Benfica quebrou a tendência auto destrutiva com a chegada
de Manuel Vilarinho à presidência e arrepiou caminho para atingir muito do seu
potencial com Luís Filipe Vieira. Isto foi conseguido tanto a nível do clube
como da equipa de futebol. A terceira “revolução” deu-se com a chegada de Jorge
Jesus e com o Benfica a “jogar o dobro”. Quer se goste quer não se goste de Jorge
Jesus (confesso que por vezes me irrita!!!), é imperativo admitir que, desde a
sua chegada, a tolerância dos benfiquistas para com resultados negativos
diminuiu muitíssimo como consequência de expectativas sempre altas. Estas
expectativas existem porque o trabalho tem sido muito bem feito ao ponto de nos
fazer sonhar que podemos ganhar tudo (e podemos, de facto).
Neste sentido, e porque o Porto tem sido o nosso único rival
a nível nacional, é interessante comparar as duas equipas neste período não esquecendo que o Porto vem de duas competições europeias ganhas em 2003 e 2004
sem deixar de apostar, fortíssimo, na composição do seu plantel principal.
Assim, este primeiro quadro reflete o total de conquistas
das duas equipas neste período. Como constatado por muitos benfiquistas, o
Porto é, claramente, superior em volume de conquistas e é isto que move muitos
dos críticos de Jorge Jesus. Tendo o nosso treinador uma mediatização tão forte (por responsabilidade própria), é natural que as críticas aos resultados desvantajosos recaiam, sobretudo, sobre ele.
Neste segundo quadro vemos as competições ganhas por cada
clube tendo sido necessário eliminar/derrotar o rival direto. Aqui as
conquistas são mais equilibradas o que me permite chegar a duas conclusões:
1ª –
O Benfica perde mais com outras equipas, ou seja, é menos consistente ao longo
do ano.
2ª – O valor das equipas é comprável e a distribuição de resultados em
confrontos diretos é equilibrada.
Para além dos resultados crus e brutos apresentados em cima,
tenho algumas considerações a fazer sobre este período no que respeita a estas
duas equipas:
- O Benfica vem de uma situação de caos financeiro,
destruição da formação, infraestruturas degradadas e insuficientes, falta de
cultura de vitória e desmoralização absoluta dos adeptos. O Porto vem do oposto
com inúmeras vitórias nacionais e internacionais que ainda lhe permitiram
resultados financeiros excelentes com a venda de jogadores (e treinadores).
- Só nesta época o Benfica conseguiu ter um plantel
suficientemente equilibrado (18 ou mais jogadores) que permita ao treinador
estar em todas as competições com igual ambição e sem desgaste acentuado dos
jogadores.
- O elevado nível de corrupção e tráfico de influências é
notório em todas as áreas da sociedade portuguesa. O futebol não foge à regra
com a direção do Porto no centro do “negócio”. Para se ganhar um campeonato ao
Porto é preciso ser muito superior a essa equipa. Em igualdade de competências,
o Porto ganha com vários pontos de avanço.
- Apesar dos três aspetos anteriores serem desvantajosos
para o Benfica, a sua grandeza e maior número de apoiantes dá-lhe um potencial
superior que, ainda, não está completamente aproveitado. Esse potencial existe não
só na vertente financeira (bilhética, quotização, merchandising, direitos TV,
etc.) como também na psicológica, em campo.
- No que respeita à liderança técnica, dos 3 treinadores que
o Porto conheceu neste período só André Vilas Boas mostrou estar ao nível de
Jorge Jesus. Tanto Jesualdo Ferreira como Vítor Pereira estão claramente abaixo
ainda que esta seja um opinião pessoal facilmente desmentível caso o Porto seja
campeão este ano.
- Caso o Benfica vença, no fim desta época, o Campeonato
Nacional, a Taça de Portugal e a Liga Europa, ficará em igualdade com as
conquistas do Porto neste período de 4 épocas. Caso vença “apenas” as duas
competições nacionais, igualará o Porto no que é mais importante, a vertente
nacional. Caso não vença o Campeonato, poder-se-á dizer que Jorge Jesus teve (quase)
todas as condições para triunfar e falhou.