domingo, 26 de janeiro de 2014

A homenagem que não é

O Sport Lisboa e Benfica anunciou que este ano não se vai realizar Gala de Aniversário devido ao luto pela morte do Eusébio. É uma aldrabice, estão a usar a morte do Rei para desculpar a não realização da Gala do 110º aniversário do Sport Lisboa e Benfica. Não há Gala porque não há dinheiro para luxos, essa é a razão. Já no ano passado não houve gala! Ou então digam-me quando foram entregues os prémios desta votação:

A razão é a mesma pela qual foi vendido o Matic por 25 milhões de euros (e não acredito que tenha sido vendido devido ao luto...), a mesma razão porque foi vendido o André Gomes por 15 milhões de euros (um preço que até me parece acima do seu valor de mercado; bom negócio) e a mesma razão porque foi contraído novo empréstimo obrigacionista em Dezembro.

Em vez de luto deviam era aproveitar a Gala para homenagear o Rei - mas isso seria se estivesse pensada uma Gala para este ano, o que eu duvido. 


Entretanto, jogou-se mais uma jornada da Taça da Liga e, mais uma vez, FC Porto, Sporting CP e SC Braga, com as suas constituições de equipa mostraram que a Taça da Liga é uma competição importante para os clubes mais fortes da actualidade no futebol nacional (SL Benfica incluído). Nesta jornada, como muitos benfiquistas querem, o SL Benfica jogou com muitos portugueses, a maioria jovens, no entanto, não posso concordar mais com o treinador da equipa: "um jogador não tem nacionalidade, cor, religião e idade. Não olho se os jogadores são portugueses ou chineses". Curiosamente, no jogo em que jogaram mais portugueses nos últimos 7 anos, foi um sérvio que marcou o golo da vitória. Eu gosto de pensar que no SL Benfica não existem outros factores de discriminação que não sejam a qualidade e o carácter.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Palhaçadas

O Sporting CP enviou 11 lances à sua escolha do último dérbi na Taça de Portugal para análise da Comissão de Análise e Recurso (CAR) do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a CAR deu-lhes razão em 6 dos 11 lances que escolheram para ser analisados. Se no Sporting CP já achavam que tinham sido prejudicados, depois de lhes darem razão em 6 dos 11 lances que escolheram para ser analisados mais o pensam agora. Mas eu questiono que palhaçada é esta de serem analisados pela CAR lances escolhidos por um clube! Eu também gostava que fossem analisados alguns lances desse jogo, e creio que se a arbitragem tivesse sido boa o Sporting CP teria sido derrotado antes do prolongamento; já teriam razão em menos lances... O André Almeida já não faria penalti, o André Gomes já não mereceria cartão amarelo e o Jorge Jesus não deveria ter sido expulso.

Gostava que a análise fosse imparcial e não se analisassem apenas os lances em que o Sporting pudesse ter sido prejudicado. Creio que se fosse eu a enviar lances para análise do CAR não escolheria tantos em que não tivesse razão... Notamos que o Sporting CP tem razão em cerca de 50% das vezes que se queixa (é o que esta amostra demonstra). No entanto, já deu para criar mais um mito para juntar aos penaltis do Capela.

Parece que o Sporting CP já está em preparação para o dérbi...

Curiosamente, hoje o SL Benfica joga contra um clube (CS Marítimo) que pede que a arbitragem não seja tão tendenciosa como no seu jogo contra o Sporting CP. O Sporting CP não enviou para análise lances do Sporting CP - CS Marítimo.

Mais a Norte, no clube da fruta, o presidente lembra-se, quase uma semana depois do jogo, que um grande amigo do seu clube não tem mais condições para arbitrar um clube a quem já deu tanto. Um dos grandes responsáveis pelo título do ano anterior! No último jogo não ajudou tanto quanto devia, portanto foi excomungado. Noto grande ingratidão. O treinador diz que "existe uma campanha concertada para fragilizar o FC Porto". É o circo do costume; têm o hábito de ganhar com fruta e palhaçadas.

Siga o circo!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Espero que tenhas gostado

Esta vitória foi por ti!

A equipa esteve à altura do acontecimento e venceu aquele que era o jogo nacional mais importante de sempre para o SL Benfica, é certo que não o era para o adversário, mas depois da morte do Rei não podíamos perder contra o FC Porto, tínhamos que ganhar. Nós ganhámos o campeonato que foi prometido a Pedroto, eles querem ganhar o que esperamos oferecer a Eusébio. À primeira vista não fizeram uso da fruta - que tanto faz parte da sua cultura -, pois houve erros para ambos os lados, mas se virmos atentamente o desenrolar do jogo antes de fazer o segundo golo já o SL Benfica poderia estar em dificuldades, uma vez que por pouco a fruta não marcou um golo em posição nitidamente irregular, não teve um penalty óbvio marcado contra e já tinham sido perdoados alguns cartões amarelos aos seus jogadores. Derrotámos as Forças do Mal.

O minuto de silêncio, como já era esperado, não foi respeitado, no entanto, não foi tão mau como era previsível. Mais triste até foi ver benfiquistas a desrespeitar o silêncio para mandar calar selvagens, dessa forma erraram como os outros. Pior comportamento tiveram outros noutro estádio, ainda vão passar por nossa casa, espero que levem o correctivo que merecem.

Ao contrário do que tem acontecido na maioria dos jogos desta época, a equipa do SL Benfica jogou muito bem. Devíamos até ter aproveitado para ganhar por mais, com um jogador a mais e a jogar em contra-ataque houve ocasião para vergá-los de forma mais vincada, não se devem perder oportunidades para os desmotivar. A motivação extra para vencerem o jogo estava lá, jogaram com muita garra, souberam ser duros. Pena é que não joguem sempre assim, como até me parece que é sua obrigação. Espero que a qualidade de jogo continue, porque este campeonato tem que ser ganho, esta homenagem a Eusébio só está completa se ganharmos títulos.

É certo que vendemos (barato) o melhor jogador do plantel nesta altura importante da época - os empréstimos financeiros têm que ser pagos -, no entanto, parece-me claro que continuamos com a melhor equipa do campeonato. Há jogadores com qualidade para substituir Matic. Se a equipa for competente tem que ganhar o campeonato, se jogar de forma adormecida, como tem acontecido frequentemente, dificilmente acontecerá.

Foi uma festa bonita. Todos fomos Eusébio.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Panteão da Glória


Parecia-me certo quando o Eusébio foi sepultado no cemitério do Lumiar que aquele não seria o local permanente para a sua sepultura, teria que ir para um local com mais visibilidade. Os líderes dos grupos parlamentares, já aprovaram a transladação para o Panteão Nacional. Não é o local onde o quero, é um lugar exclusivo, onde vai quem paga para entrar ou quem espera pelo domingo de manhã para não pagar; não é um local próximo do povo. Preferia vê-lo sepultado no Estádio da Luz, mas reconheço que o Panteão Nacional é o local onde merece estar. 

A sua ida para o Panteão não será consensual, até há quem diga que a sua vida não se enquadra no espírito para o qual foi criada esta homenagem póstuma. 

Vejamos o que diz a lei: 

Lei n.º 28/2000 de 29 de Novembro 
Define e regula as honras do Panteão Nacional 

Artigo 2.º 
1 - As honras do Panteão destinam-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade. 
2 - As honras do Panteão podem consistir: 
a) Na deposição no Panteão Nacional dos restos mortais dos cidadãos distinguidos; 
b) Na afixação no Panteão Nacional da lápide alusiva à sua vida e à sua obra. 

Artigo 4.º 
As honras do Panteão não poderão ser concedidas antes do decurso do prazo de um ano sobre a morte dos cidadãos distinguidos. 

Nos últimos tempos ouvi dizer que o futebol não se enquadra no contexto da cultura portuguesa. Creio que quem o diz não tem estado muito ao tempo ao que se passa em Portugal e no Mundo desde o início do século XX. O futebol faz parte da cultura do povo, mais que qualquer outra forma de cultura. A meu ver Eusébio é elegível para o Panteão Nacional também como artista. 

Até hoje tiveram honras de Panteão Nacional: 

Na Igreja de Santa Engrácia, com sepultura: 
1966 - Óscar Carmona, presidente da República (1869-1951) 
1966 - Sidónio Pais, presidente da República (1872-1918) 
1966 - Teófilo Braga, presidente da República (1843-1924) 
1966 - Guerra Junqueiro, escritor (1850-1923) 
1966 - João de Deus, escritor (1830-1896) 
1966 - Almeida Garrett, escritor (1799-1854) 
1990 - Humberto Delgado, opositor ao Estado Novo (1906-1965) 
2001 - Amália Rodrigues, fadista (1920-1999)
2004 - Manuel de Arriaga, presidente da República (1840-1917) 
2007 - Aquilino Ribeiro, escritor (1885-1963) 

Na Igreja de Santa Engrácia, com cenotáfios: 
Luís de Camões 
Pedro Álvares Cabral 
Afonso de Albuquerque 
Nuno Álvares Pereira 
Vasco da Gama 
Infante Dom Henrique 

No Mosteiro de Santa Cruz (em Coimbra): 
Dom Afonso I 
Dom Sancho I 

Parece que os líderes parlamentares também aprovaram a transladação de Sophia de Mello Breyner para o Panteão Nacional. 

É fácil notar a ausência de algumas grandes figuras da nossa história, creio que cada um terá as suas preferidas, aquelas a que dou mais relevância são o Aristides de Sousa Mendes, Fernando Pessoa (cenotáfio, está sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, local de proeminência), Gil Vicente (cenotáfio, já que duvido que alguém saiba onde está enterrado ou até que haja uma sepultura) e Pedro Nunes (mesmo caso de Gil Vicente). Segundo sei, o Saramago não queria ir para o Panteão Nacional. As famílias das pessoas vítimas de lobotomia não concordariam com a ida de Egas Moniz. No entanto, a ausência de outros não deve ser a razão para a ausência de Eusébio do Panteão Nacional. 

No ano passado foi recusada a transladação de duas personalidades por razões financeiras, o político Passos Manuel e o compositor Marcos Portugal. Então se estes foram recusados, porque razão há-de Eusébio, ainda no mesmo período de crise económica ser transladado? A meu ver a questão ultrapassa os motivos financeiros. Do político poucos serão os portugueses que tenham conhecimento dele sem ser pelo nome do Colégio. Do compositor menos serão ainda os que ouviram falar dele, quanto mais ter conhecimento da sua obra, apesar de grande parte da sua obra ter sido efectuada no Brasil, não é um compositor reconhecido internacionalmente. Já ouvi música composta por ele e gostei, mas não é equiparável a Strauss, Tchaikovsky, Mozart ou Beethoven, era o melhor que tínhamos. É como nós termos o Marco Paulo e os outros (o mundo) o Tom Jones ou o Júlio Iglésias. O Eusébio todos os portugueses sabem quem é (e continuarão a saber enquanto houver futebol), grande parte do mundo sabe quem ele é. É equiparável aos melhores de sempre. 

A quantidade de homenagens, notícias e reportagens pelo mundo fora mostraram o respeito que havia por Eusébio, não foi só o futebol nacional que perdeu uma lenda, foi também o futebol mundial. Faleceu um jogador respeitado pelas qualidades futebolísticas, mas também pelo que representava e pelo desportivismo que demonstrou durante a sua carreira. 

Já ouvi questionar a ida de Amália para o Panteão Nacional para mostrar como ilegítima a ida de Eusébio. Quando esta foi transladada, essa decisão parecia - e bem - consensual, até porque não existem fãs de editoras como existem de clubes de futebol. O fado, hoje é património imaterial da humanidade, faz parte da cultura portuguesa, está associado a Portugal, faz todo o sentido que a sua maior representante e fenómeno de popularidade tão grande esteja nesse local de homenagem. O futebol é de todo o mundo, não faz parte apenas de uma cultura. A Amália e o Eusébio foram os maiores representantes da cultura portuguesa durante o século XX. 

No entanto, parece que essas pessoas não se incomodam que estejam lá o Aquilino Ribeiro, um dos responsáveis pelo regicídio de 1908, o Óscar Carmona, presidente durante a Ditadura Militar e durante o Estado Novo, ou até o Sidónio Pais, uma figura controversa no seu tempo que exerceu o poder de forma ditatorial. 

Até o disparate de que não nasceu em Portugal e não era português já ouvi como argumento de oposição à sua ida para o Panteão Nacional. Quando esse argumento xenófobo - e errado porque era português - é o melhor que se consegue arranjar, então é porque até na opinião dessas pessoas ele tem méritos suficientes para a sua elegibilidade. Os franceses, também correctamente, deram honras de Panteão a Marie Curie. Outros mostram-se desagradados com o que o Rei disse depois da sua carreira futebolística, muito por culpa de mau jornalismo, querendo acreditar piamente em citações falsas para denegrir o carácter do Rei. 

Mesmo que Eusébio não fosse transladado para o Panteão Nacional, não acredito que ficasse eternamente no cemitério do Lumiar, o SL Benfica teria a responsabilidade de lhe erigir um monumento fúnebre de acordo com a sua glória. 

PANTEÃO BENFIQUISTA 

Apesar de não me parecer possível devido aos custos e ao acordo entre familiares de algumas personalidades já desaparecidas há muito, seria interessante a existência de um Panteão do SL Benfica. 

Para começar, seleccionei 10 personalidades que homenagearia lá: 
Cosme Damião, Félix Bermudes, José Maria Nicolau, Guilherme Espirito Santo, Otto Glória, Béla Guttmann, José Águas, Borges Coutinho, António Livramento, Eusébio. 

Quem escolheriam vocês?

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Dia de Rei!

Imaginem que são uma criança de quatro anos e próximo do Natal vos dizem que o Pai Natal não existe, é assim que se devem sentir muitos benfiquistas. Alguns acreditam agora que o Eusébio não existe. O Eusébio sempre existiu no meu SL Benfica, quando nasci já ele fazia parte da lenda. Sempre esteve lá. A notícia da sua morte é um choque para os benfiquistas, mesmo não jogando ele era o Eusébio! O Nosso Eusébio!

Caros benfiquistas, o Eusébio ainda existe. Enquanto eu puder ver estas imagens, enquanto a história de que ele fez parte for lembrada, o Eusébio existe: 

Ontem não fui ao estádio. Fiquei em casa a ler, a ver vídeos, a ver documentários, a ver reportagens, a ver entrevistas... Acabei por sentir que devia ter ido ao estádio prestar-lhe homenagem. Hoje vesti-me de escuro com gravata vermelha - adereço que não costumo usar - como homenagem simples ao Rei. Não gosto destes cenários mas ainda consegui ir a tempo de ver a parte final do funeral. 

A chuva parecia querer limpar-me a cara para mostrar que sou demasiado pequeno para poder chorar pelo Rei, e é verdade, mas lutei contra a força da natureza. Quase que caí na ilusão quando vi aquele monte de lama por cima da sua urna - parece que morreu um homem comum mas é o Eusébio! -, o lugar dele não é ali. Por mim ficaria para sempre numa campa no Estádio do Sport Lisboa e Benfica, ele é nosso! mas sei que não pode ser, ele não é só nosso, mais cedo ou mais tarde irá para o Panteão Nacional. 

Ele é o Eusébio. Quem é que vai fazer agora de Eusébio na Terra? Mais ninguém... Vivemos na época do Eusébio, contemos quem era o Eusébio, não deixemos que tenha sido uma despedida do mundo ao Eusébio, perpetuemos o Eusébio.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Viva o Rei!


Não o cheguei a ver jogar ao vivo, não o cheguei a conhecer, vi apenas alguns jogos dele e alguns resumos, mas fez-me feliz! Um clube não é só o presente e uma parte muito importante do futebol do SL Benfica e de Portugal tem o Eusébio como principal figura. Chegou ao SL Benfica depois do momento mais bonito da sua história mas ajudou a que esse momento continuasse. OBRIGADO EUSÉBIO!

   

É certo que isto um dia teria que acontecer e hoje é dia de Eusébio ser glorificado. Apesar disso, há também muitos discursos ressabiados que pareciam até já preparados para esta ocasião, no entanto, convém não esquecer que Eusébio não foi só SL Benfica!



 Já li hoje que ele não era o melhor, como se fosse isso que interessasse neste momento... Mas o certo é que é aclamado com muito respeito pelo mundo do futebol (mais que por cá), não é por acaso e pode servir de calculador de importância
 http://www.bbc.com/sport/0/football/25612337

http://www.theguardian.com/football/2014/jan/05/eusebio

Não é só nas grandes vitórias que se vê um grande desportista:
   
Disto disse Alex Stepney (o guarda-redes, o jogo era a final da Taça dos Campeões, o lance quase no fim do jogo, se fosse golo quase certamente daria a vitória ao SL Benfica): "The fact he was standing there clapping before running away is a mark of the man"

 Morreu Eusébio, viva Eusébio!