quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A tática do Benfica e o desgaste físico


A propósito da recente moda em programas de TV e blogs (um bom exemplo no Lateral Esquerdo) de se dizer que o Benfica se desgasta em demasia, nomeadamente quando comparado com o Porto, e devido à diferença com que as duas equipas abordam o jogo no que respeita ao preenchimento do centro do meio campo, apraz-me dizer o seguinte:

Em 1º lugar, não me parece que o Vítor Pereira seja um deus da tática e o Porto seja uma espécie de Barcelona sem Messi e Iniesta. Todas as equipas de topo na Europa têm mecanismos bem percebidos e aplicam-nos constantemente e com grande intensidade durante os jogos, daí que seja habitual ouvirmos criticas a jogadores como Balotelli porque, apesar de fabuloso em todos os aspetos individuais, não consegue manter a concentração e acaba por ser menos um em grande parte de cada jogo. O Benfica também o faz e nisso o nosso treinador é realmente fantástico por consegue fazê-lo sem ter necessidade de gastar 30 milhões de euros em 2 laterais, por exemplo!
Em 2º lugar, relativamente à tática utilizada na maioria das vezes pelo Benfica, ando a falar nisto desde que o Ramires se foi embora e levámos recorrentes banhadas táticas nos confrontos com o Porto da era Vilas Boas. De facto, o Porto preenche (muito) melhor os espaços centrais o que lhe permite recuperações de bola mais rápidas. Como consequência há 3 fatores importantes:
  1. Como falado no blog acima e para mim menos importante, é o menor desgaste físico na procura da posse de bola.
  2. Muito mais importante, é o menor desgaste mental/psicológico por passar mais tempo sem posse de bola.
  3. O mais importante de todos, é correr menos riscos defensivos em áreas mais próximas da baliza.
  • Quanto ao 1º, Jorge Jesus tem-no combatido (apenas este ano) com uma boa rotação do plantel. A equipa está muito mais equilibrada, têm jogado muitos jogadores muitos minutos e sem se notar (quase nada) a diferença entre um e outro em cada posição. Isto revela que o jogo também é bem percebido na Luz ainda para mais porque há vários jogadores a fazer (bem em muitos casos) várias posições.
  • Quanto ao 2º aspeto, a melhor forma de o combater é ir ganhando jogos e isso viu-se no jogo contra a Académica. A confiança da equipa é tal que ia dando asneira! Ainda assim, não existe grande desgaste mental, mesmo em situações de perda de bola, e desgaste físico porque existe uma mentalidade ganhadora nos jogadores. Não há nenhuma derrota em competições internas e para a Europa só perdemos com o Barcelona (quase óbvio) e com o Spartak que é o único percalço da época e que, apesar de não estarmos na Champions, acaba, na minha opinião, por ter pouca importância no estado mental dos jogadores.
  • O 3º aspeto é sem dúvida o mais importante porque é claro que o Benfica abre brechas do tamanho de crateras no momento das transições defensivas. É esse o pior aspeto do jogo do Benfica, ou seja, para conseguir desequilibrar ofensivamente abre mais o jogo pelas alas e coloca mais jogadores em posições profundas do terreno. Quando perde a bola é, de facto, obrigado a correr mais mas, principalmente com equipas com valores individuais mais fortes, acaba muitas vezes por não conseguir resolver as situações de perigo antes que cheguem à baliza.
Sou um acérrimo crítico de se entrar em campo com dois pontas de lança e dois extremos puros, nomeadamente, em jogos contra equipas mais fortes no seu conjunto e com bons valores no centro do meio campo. Que o Jorge Jesus o queira fazer contra equipas mais fracas para as pressionar psicologicamente e porque consegue resolver as situações de inferioridade numérica nas transições defensivas com a maior qualidade individual dos seus jogadores, tudo bem por mim, mas que o faça contra o Porto, o Braga ou muitas das equipas contra quem jogamos na Europa, isso já não me agrada. E os resultados estão à vista, os jogos em casa com o Porto e Braga foram miseráveis. O jogo fora com o Braga, menos suicida no que respeita ao preenchimento dos espaços no meio campo, deu numa exibição pouco exuberante mas muito mais segura e a vitória assentou-nos maravilhosamente.

3 comentários:

  1. o fcp não se desgasta tanto porque tem fenómenos destes: http://www.youtube.com/watch?v=0T_8MMX2I9k

    carrega benfica

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  2. Caro Simão, o que falas explica 80% das vitórias do Porto. Eu, neste post, quis apenas referir-me aos restantes 20%!

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  3. Viu-se no fim de semana qual a equipa que estava desgastada!!!

    Os tripeiros com 4 dias de descanso andaram parte do jogo a ver papeis. E o benfica com menos de 72 horas esteve muito bem.

    Há gente muito nervosa.

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