quinta-feira, 23 de maio de 2013

Há um "mal" no futebol português


Há doenças nefastas que os antigos designam por “mal” como se a mera oralidade do nome pudesse trazer azar! Assim está o futebol em Portugal. O que vivemos hoje é resultado dum tumor maligno, um cancro, que nasceu há pouco mais de 30 anos e foi crescendo sem que, nos primeiros anos, tivesse consciência da sua nova condição – doente!

Este cancro começou por ter pouca força por estar a atacar um corpo que se podia designar como são, apesar de alguns excessos, aqui e ali, próprios da condição humana. Ainda assim, o cancro estava determinado (1) e atacou de forma mais contundente um dos órgão vitais mais importantes (2). O crescimento continuou (3) com o doente sempre em negação. Uma década depois os sintomas já eram imensos (4) e algumas pessoas amigas já notavam que a cara do doente tinha mudado! Um dia o doente foi ao médico por um problema simples, uma unha encravada (5), e o médico internou-o logo ali. Ficou ligado à máquina rotulado como estando em perigo de vida (6). O choque foi grande até porque o paciente não tinha conhecimento profundo da extensão da sua doença. Após algum tempo, há quem diga demais, saíram os relatórios médicos (7) e só nesse momento todos os amigos do paciente tiveram consciência plena da gravidade da situação. A doença é de tal forma agressiva (8) que não há garantias de se poder salvar o paciente!

Ndr:
  1. Pedroto quando viu o orçamento para o futebol perguntou a Pinto da Costa onde estava o dinheiro para os árbitros.
  2. Associação de Futebol do Porto, sendo a maior do país, escolhia sempre gerir a comissão de arbitragem da FPF, 8º órgão no nível de hierarquia.
  3. Doping, corrupção de árbitros, de dirigentes e de jornalistas.
  4. Clubes desciam de divisão por não alinharem com as exigências do Porto, agressões várias, votos comprados nas assembleias da Liga e FPF.
  5. Investigação da PJ e do Ministério Público a suspeitas de corrupção em divisões secundárias do futebol, nomeadamente ao Gondomar.
  6. Caso Apito Dourado apanha em escutas telefónicas dirigentes do Boavista, Porto, Nacional, União de Leiria e Liga bem como vários agentes, árbitros e dirigentes da arbitragem num esquema de corrupção e viciação de resultados.
  7. Publicação das escutas do Apito Dourado deixando a nu a corrupção e tráfico de influências de árbitros, dirigentes desportivos, agentes de futebol, e de figuras ligadas à Justiça, Polícia, Comunicação Social e Política.
  8. Apesar de tudo o que é conhecido ninguém (importante) sofreu consequências legais e o processo teve o efeito perverso de assegurar os prevaricadores da não eficiência da Justiça portuguesa, ou seja, da sua inimputabilidade. A julgar pelo que se vê atualmente, o sistema de corrupção e tráfico de influências continua a funcionar, talvez de forma ainda mais sofisticada mas com os mesmos beneficiários, sem que os políticos intervenham, com os jornalistas (alguns, muitos) a manterem uma subserviência sem ética e com as gentes do Ministério Público com a clara noção de que este é um problema ao qual não têm capacidade de fazer frente.

PS. Lembrei-me desta história ao ler as notícias que hoje saíram no MAISFUTEBOL e no DN. Tal como em muitos outros aspetos da sociedade portuguesa, há instituições e respetivos responsáveis que acham que conseguem lançar areia aos olhos das pessoas e calar a indignação com medidas populistas e vazias, sem intenção alguma de moralizar e impor justiça no que quer que seja. Não podem estar mais enganados!

3 comentários:

  1. Grande diagnóstico. Não se sabe ao certo com a doença começou, mas supõe-se que tenha sido aproximadamente como está referido no ponto 1.

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  2. Já meti o teu Blog no meu. Abraço Paulo

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  3. ides sofrer como cães27 de maio de 2013 às 00:47

    Só não foi no "minuto azul". Que pena. Teria sido perfeito...

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